Resumo

No Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), para cada ano do triênio 2021-2023 eram esperados cerca de 5.920 casos de leucemia mieloide aguda (LMA) em homens e 4.890 em mulheres – que correspondem a um risco estimado de 5,67 casos novos a cada 100 mil homens e 4,56 para cada 100 mil mulheres. Apenas em 2017, foram 4.795 óbitos pela doença, cujas taxas de remissão – quando há desaparecimento dos sinais e sintomas - e cura variam conforme a idade, o subtipo genético e características clínicas.

Cultivadas em larga escala e comprovadamente eficaz no combate à leucemia, o uso de células Natural Killer (NK) é uma opção de tratamento imunoterápico para pacientes com leucemia mieloide aguda. Oriundas da medula óssea, elas ajudam na resposta precoce de combate aos tumores e infecções virais. Seu potencial terapêutico tem sido avaliado em estudos clínicos para tratar, ainda, tumores sólidos, como câncer gástrico, câncer colorretal e câncer de mama metastático.

O projeto Células NK entra em nova fase no triênio 2024-2026, buscando isolar e expandir células Natural Killer provenientes de sangue de cordão umbilical, e infundi-las em pacientes com casos de LMA refratários (que podem apresentar células doentes na medula, mesmo após encerrar o tratamento) e recidivados (quando a doença volta a se manifestar), LMA e síndrome mielodisplásica (SMD) de alto risco, após quimioterapia, visando avaliar qual a dose máxima tolerada, segurança e eficácia para tratamento, além da potencial cura destes pacientes.

O projeto tem a possibilidade de expansão, com a transferência de tecnologia para centros de processamento celular nacionais e seus melhores resultados sendo disseminados a outros centros transplantadores.


Introdução

A leucemia mielóide aguda, fatal em muitos casos, é um câncer agressivo do sangue que impede a formação normal das células sanguíneas. Embora haja muitas técnicas para diagnosticar e até prevenir a doença, a LMA ainda é fatal na maioria dos casos, representando um grande desafio para o sistema de saúde e exigindo alto investimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Atualmente, pacientes com a doença recebem uma fase de quimioterapia intensiva para chegar à remissão completa - fase em que todos os sinais e sintomas do câncer, desaparecem - que é um pré-requisito para a cura. Mas alguns pontos merecem atenção:

  • Pessoas idosas podem ter limitação ao tratamento, pela presença de comorbidades e baixa tolerância aos quimioterápicos
  • 60 a 80% dos jovens e 20 a 30% dos idosos atingem remissão hematológica, ou seja, mostram uma redução significativa ou desaparecimento dos sinais e sintomas de leucemia no sangue e na medula óssea, mas em 10% a 40% deste grupo isso não ocorre, ou os pacientes são incapazes de manter a completa remissão. Neste grupo, a chance de se atingir a taxa de remissão completa é baixa, geralmente inferior a 10%.
  • Por isso, o tratamento proposto nesse estudo clínico não é restrito a um tipo específico de leucemia, e optou-se por incluir pessoas com diagnóstico de LMA. Assim, serão incluídos:

  • pacientes com diagnóstico de LMA recidivada, incluindo doenças do sistema nervoso central ou transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) anterior, que tenha falhado na remissão para, pelo menos, um ciclo de quimioterapia de reindução padrão ou experimental;
  • pacientes com LMA refratária primária, sendo o paciente que falhou em obter a remissão após, pelo menos, dois ciclos de terapia de indução.
  • O projeto propõe a implementação de um novo protocolo terapêutico para pacientes com Leucemia Mieloide Aguda (LMA) refratária e recidivada, visando beneficiar o Sistema Único de Saúde (SUS). O uso de células NK do cordão umbilical é sugerido devido à abundância dessas células em bancos públicos brasileiros e ao menor risco de Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH). Espera-se uma redução de custos a médio e longo prazos para o SUS, devido ao potencial de cura da LMA refratária por essa tecnologia. Estima-se que pelo menos 30% dos pacientes refratários à doença sejam beneficiados, além da otimização da oferta de internação e quimioterapia.

    Há a possibilidade de tratar pacientes residentes em todas as áreas do país e a posterior transferência de tecnologia para outros Centros de Processamento Celular nacionais. Com relação ao estudo clínico, após sua conclusão, os protocolos de manejo clínico de pacientes infundidos com células NK com melhores resultados poderão ser disseminados a outros Centros Transplantadores com serviços de onco-hematologia e terapia celular.

    A imunoterapia com células Natural Killer tem apresentado resultados satisfatórios no tratamento de neoplasias mielóides. A tecnologia propiciará aos pesquisadores brasileiros a oportunidade de investigar esta modalidade terapêutica em inúmeros casos de LMA. O desenvolvimento de terapias alternativas para o tratamento dos pacientes com LMA representará um avanço, não apenas para o SUS, mas para a comunidade científica e médica mundial, beneficiando e, possivelmente, curando a leucemia aguda mais frequente no adulto, no Brasil e no mundo.


    Métodos

    As células NK são cultivadas no Hospital Israelita Albert Einstein sob condições de Boas Práticas de Manufatura (BMP), caracterizadas e infundidas nos participantes seguindo um rigoroso protocolo médico específico para este propósito. A manufatura será realizada no Centro de Terapia Celular, no Laboratório de Terapia Celular do Einstein, e espera-se chegar a dez produtos manufaturados, liberados e infundidos. Estes pacientes receberão acompanhamento clínico e laboratorial ao longo da pesquisa.


    Resultados

    Os objetivos são: Determinar a dose máxima tolerada, segurança, e viabilidade da infusão das células NK proveniente de sangue de cordão umbilical expandidas junto a quimioterapia de indução linfodepletiva em pacientes com LMA refratária e recidivada, LMA e SMD de alto risco, com redução de custos ao SUS visando o melhora tratamento e potencial cura para as patologias citadas.


    Equipe

    • Hospital Israelita Albert Einstein




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