Resumo

O projeto “Fortalecimento das ações de vigilância em saúde e ambiente para o enfrentamento de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN)” tem relevância para o Sistema Único de Saúde (SUS) no sentido de: fortalecer o diagnóstico adequado e oportuno da hanseníase; incentivar a implementação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da hanseníase, além de capacitar profissionais e estudantes no atendimento a pacientes atingidos pela hanseníase e esquistossomose.

O projeto prevê a elaboração do PCDT de esquistossomose e realização da pesquisa LAST-Br (Leprosy Active Searching Trial Brazil- Ensaio de busca ativa de hanseníase) que avaliará a taxa de incidência de hanseníase após a implementação de estratégias multifatoriais de busca ativa baseadas em: (1) conscientização da população sobre a hanseníase; (2) capacitação educacional teórico-prática dos profissionais da saúde da Atenção Primária à Saúde (APS), tanto no diagnóstico como correta e adequada notificação dos casos novos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN); (3) georreferenciamento dos casos existentes no município (prevalência inicial) e dos novos casos diagnosticados ao longo do estudo; e (4) ferramentas de triagem para sinais/sintomas da doença (aplicação do Questionário de Suspeição de Hanseníase – QSH). Além disso, será avaliado o perfil sorológico (teste rápido) dos pacientes com sinais/sintomas relatados (QSH alterado) e será realizada uma busca ativa de comorbidades nos pacientes com diagnóstico confirmado da doença.


Introdução

As Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) fazem parte de um grupo de doenças infectocontagiosas que prevalecem em regiões tropicais e subtropicais. São denominadas "negligenciadas", porque tendem a receber menos atenção e investimento em pesquisa e desenvolvimento do que outras doenças mais conhecidas, afetando principalmente comunidades específicas com características semelhantes entre si, tais como saneamento básico precário, baixo índice de desenvolvimento humano e vulnerabilidade socioeconômica. Atingem, em sua grande maioria, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera as seguintes enfermidades como DTN: úlcera de Buruli; doença de Chagas; dengue; Chikungunya; doença do verme da Guiné; doença do sono; leishmaniose; hanseníase; cegueira dos rios; raiva; sarna; esquistossomose; envenenamento ofídico; entre outras. Estima-se que mais de um bilhão de pessoas estão infectadas com uma ou mais DTN, o que corresponde a um sexto da população mundial. Doenças zoonóticas como leptospirose, febre maculosa e hantavirose representam um obstáculo devastador para a saúde e continuam sendo um sério obstáculo à redução da pobreza, ao desenvolvimento socioeconômico e à cobertura universal de saúde.

As DTN ocupam lugar secundário nas agendas nacionais e internacionais de saúde, e são cada vez menos incluídas nos processos de formação e capacitação nos cursos da saúde, sendo algumas delas tratadas somente em formações específicas como nos cursos de medicina, enfermagem e fisioterapia. A OMS vem trabalhando em diversas ações para superação dessas doenças, incluindo na agenda mundial de estratégias para o fortalecimento dos sistemas de saúde com a inserção de indicadores que contemplam as DTNs nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e um plano global de combate com metas de saúde e planos regionais. Já a Organização das Nações Unidas (ONU) atribuiu como Objetivo de Desenvolvimento Sustentável – ODS3, meta 3.3, até 2030 acabar, como problema de saúde pública, com as epidemias de doenças, dentre elas encontram-se as DTN.

 


Métodos

Para o triênio 2024-2026, o projeto “Fortalecimento das ações de vigilância em saúde e ambiente para o enfrentamento de doenças tropicais negligenciadas (DTN)” será composto pelas seguintes entregas:

Entrega 1: Ensaio Clínico Pragmático, Multicêntrico, Randomizado, por grupos (clusters), com implementação escalonada (stepped-wedge), aberto de busca ativa de casos de hanseníase no Brasil – LAST-Br (Leprosy Active Searching Trial - Brazil): avaliação da eficácia de uma estratégia de busca ativa multifatorial em comparação ao rastreio habitual/demanda passiva de casos novos de hanseníase em municípios brasileiros após 12 meses.

Entrega 2: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da esquistossomose:  elaboração do PCDT da esquistossomose, de acordo com a Portaria Nº 375/2009 (Secretaria de Atenção à Saúde/Ministério da Saúde); as Diretrizes Metodológicas para Elaboração de Diretrizes Clínicas; o Manual do Grupo Elaborador; e as Diretrizes da OMS.

Entrega 3: Capacitações EaD (Ensino à Distância): realização dos cursos de capacitação em Avaliação Neurológica Simplificada e Classificação do Grau de Incapacidade Física em Hanseníase – modalidade introdutória; capacitação para a implementação do PCDT da Hanseníase; e Diretrizes do Programa de Vigilância e Controle da Esquistossomose.

Entrega 4: Oficina Presencial: capacitação em Avaliação Neurológica Simplificada e Classificação do Grau de Incapacidade Física em Hanseníase – modalidade avançada para representantes da linha de frente dos municípios com maior repercussão da doença

Entrega 5: Série de vídeos educativos: os vídeos abordarão tópicos do PCDT da hanseníase.


Equipe

  • Hospital Alemão Oswaldo Cruz




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