Resumo

O projeto Lean nas Emergências visa reduzir a superlotação nas urgências e emergências de hospitais públicos e filantrópicos do Brasil, bem como melhorar o tempo de atendimento dos pacientes dentro desses serviços.

A filosofia Lean ajuda a identificar desperdícios de forma clara, ao mesmo tempo em que oferece ferramentas para reduzi-los. Especificamente no Sistema Único de Saúde (SUS), o projeto otimiza os fluxos de atendimento, através da capacitação dos profissionais e apoio na implementação de ferramentas adotadas pela metodologia Lean.


Introdução

A superlotação nos hospitais públicos é um problema crônico na saúde pública nacional, e o Tribunal de Contas da União (TCU) calcula que 64% das urgências e emergências têm as filas sobrecarregadas. Dentre as repercussões que este problema traz para a saúde do paciente estão:

  • Aumento de eventos adversos – que podem incluir erros de medicação, infecções hospitalares, quedas de pacientes, ou qualquer outro incidente - por falha na segurança do paciente;
  • Insatisfação com o funcionamento dos serviços;
  • Aumento de mortalidade por elevado tempo de espera;
  • Baixa confiabilidade na rede de atenção às urgências e emergências.
  • Além disso, estima-se que para os pacientes que aguardam um leito hospitalar, sendo mantido em cuidados no pronto-socorro, a probabilidade de sobrevida diminui consideravelmente quando analisados os quadros clínicos críticos.

    O projeto Lean nas Emergências é responsabilidade do Ministério da Saúde e foi  iniciado pelo Hospital Sírio-Libanês em 2017, através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI/SUS)   A inciativa tem como base adotar a filosofia Lean para resolver essa lacuna no atendimento, usando princípios técnicos e operacionais que reduzem o desperdício de recursos, melhoram a qualidade e maximizam o valor do serviço entregue aos pacientes atendidos em urgências e emergências de hospitais públicos.

    No oitavo ciclo, que ocorreu entre os meses de julho e dezembro de 2023, o projeto contemplou 124 hospitais nas 27 unidades federativas. Com isso, apresentou redução de 36% no índice de superlotação e 40% de redução no tempo de passagem dos pacientes sem internação. Estes indicadores mostram que a aplicação de estratégias da metodologia Lean para enfrentar a superlotação pode contribuir significativamente para a eficácia das unidades de saúde.

    O pensamento Lean é uma metodologia de gestão operacional focando nas pessoas e na organização. As principais contribuições do método nos serviços de saúde incluem:

  • Melhor compreensão dos processos, auxiliando na geração de uma visão sistêmica do serviço;
  • Organização e planejamento para aumentar a eficácia e eficiência;
  • Identificação de operações com baixo valor agregado e elevados períodos de espera, avaliando e categorizando áreas de desperdício;
  • Melhoria na detecção de erros, aumentando a confiabilidade do processo;
  • Maior colaboração e união das equipes para a resolução sistemática de problemas crônicos, buscando a melhoria contínua.

  • Métodos

    O projeto é executado de forma híbrida, combinando atividades presenciais e remotas. A equipe de consultores é interdisciplinar, com expertise técnico-assistencial na área da saúde e em ferramentas da metodologia Lean, visando otimizar fluxos e processos, engajar equipes assistenciais, e oferecer capacitação e suporte para implementar melhores práticas assistenciais e de gestão nas unidades de saúde beneficiadas pelo projeto.

    Para alcançar os objetivos propostos, será utilizada a metodologia DMAIC (Definir, Mensurar, Analisar, Implementar, Controlar), que capacita equipes difundindo o conhecimento sobre ferramentas Lean, mensurando detalhadamente os fluxos, processos e equipes, analisando e escolhendo e implementando ferramentas através de planos de ação e, finalmente, acompanhando os indicadores e estabelecendo uma cultura de melhoria contínua.

    O projeto está estruturado em quatro etapas principais ao longo do triênio 2024-2026: planejamento, diagnóstico, implementação e monitoramento. O planejamento envolve o desenvolvimento de materiais como capacitações, cursos e conteúdos audiovisuais. Neste triênio serão realizados 2 ciclos, cada um com duração de 18 meses, incluindo 12 meses de atividades presenciais e 6 meses de encontros virtuais para monitoramento. Para identificar as demandas, serão realizadas visitas técnicas chamadas Diagnóstico de Demanda e Capacidade (DDC) no início e no final de cada ciclo, acompanhando o desenvolvimento das unidades de saúde durante todo o período de implementação.


    Equipe

    • Beneficência Portuguesa de São Paulo




    • Hcor




    • Hospital Alemão Oswaldo Cruz




    • Hospital Israelita Albert Einstein




    • Hospital Moinhos de Vento




    • Hospital Sírio-Libanês




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